No Inverno no Quarto


#1742

No Inverno no Quarto
Topei com um Verme
Rosado fino e quente
Mas como era um verme
E vermes são abusados
Fiquei preocupada
E o amarrei com um fio
Em algo ali perto
E lá deixei –

Um Pouco depois
Aconteceu uma coisa
Que foi difícil de acreditar
Majestosa em sangue rastejante
Uma serpente de raro mosqueado
Inspecionava o chão de meu quarto
Na aparência igual ao verme de antes
Mas cingia com poder
O mesmo fio com que
A amarrei – também
Quando era miúda e nova
Aquele fio estava lá –

Recuei – “Como és bonita”!
Gesto de Propiciação –
“Sibilou com medo
De mim”?
“Cordialidade nenhuma” –
Sondou-me –
Então a um Ritmo Esguio
Instilou sua Forma
E em Desenhos a fio
Se projetou.

Dessa vez fugi
De olhos postos nela
Para não me perseguir
E não parei de correr
Até uma Cidade distante
Várias adiante da minha
Então me acalmei
Era um sonho –